sexo
Quando eu vou para uma palestra tenho um roteiro mais ou menos organizado.  Algumas coisas eu preciso dizer mesmo porque são de ordem prática. Coisas como “onde fica o ponto G” (e como eu tenho tanta certeza que ele existe de verdade!) e sobre Pompoar pois pratico os exercícios há anos e sei que funcionam.

O mais, depende do grupo trazer as dúvidas,  e o que posso responder, respondo. O que não sei, eu jogo de volta para o grupo e através do depoimentos encontramos as respostas.  Assim, os assuntos vão surgindo sem nenhuma programação rígida.

Nessa Lovebox o tema surgiu logo no início. Uma das meninas comentou depois de se apresentar: “Mas eu só vim por causa delas! Eu não gosto de sexo!”

Isso dito assim, sem lubrificante, no meio de 30 mulheres,  virou logo final de campeonato! Algumas meninas se espantaram,  outras se fecharam, aqui e acolá algumas balançaram a cabeça afirmativamente…

Muitas mulheres e homens já me falaram isso. E o que eu acho importante é primeiro a gente entender de qual sexo estamos falando. De qual sexo ela estava falando? Claro que naquele contexto ela se referia Relação Sexual mas,  o que é uma relação sexual?

Se “relação sexual” for entendida como possível apenas se houver  penetração vaginal ou anal, então deve haver milhares de mulheres (e homens) que não gostam. Não gostam por vários motivos:  desconforto, dor, traumas,  enfim… O leque é grande e em muitos casos é preciso ajuda de profissionais.

Mônica* , a menina que fez esse comentário, é casada e tem três filhos. Jovem e bonita, tem bom nível cultural.  Ela repetiu várias vezes:   “Não gosto, porque não gosto, ué!”

Vamos lá. Era preciso ir um pouco mais longe. Perguntei se ela sente dor na penetração. Ela disse que não. Que vai regularmente ao médico e que está tudo em ordem.  Pode haver uma má formação que tornasse a relação dolorosa ou desconfortável , uma feridinha, essas coisas que só um médico poderia avaliar.

Mas se está tudo bem,  podemos ir adiante… Havia muito o que conversar.  Passamos a tarde brincando de montar o complicadíssimo quebra-cabeça que são as relações sexuais.

Há várias formas de se relacionar prazerosamente sem que haja penetração. Não fosse assim,   o 69, por exemplo,  nem seria tão popular.  E 69 é a prática de sexo oral.  Os dois são estimulados ao mesmo tempo. (E eu acho essa posição um horror de desajeitada!) Se você também achar desajeitado pode  fazer a mesma coisa sem ser nessa posição. Tudo é uma questão de encaixe, afinal.

O 69 e a Masturbação Mútua são dois bons exemplo de que não é preciso haver penetração para se chegar ao orgasmo.  E, pasme, o beijo na boca também leva ao orgasmo! Sério, se for um beijo forte, profundo, daqueles que a gente acha que o mundo parou… Nossa! Falar também. Tem casais que passam horas no telefone ou no computador falando bobagem um para o outro. O famoso Sexo Virtual. Eu fiz muito com meu namorado lá no tempo que a gente não podia estar sempre junto. E era bom.

Mas também tem casais que não fazem nada disso. E são felizes. Ficar sem fazer sexo também pode ser uma escolha do casal e ninguém fica maluco por causa disso. A única regra é que os dois se sintam bem. Que haja amor e confiança.

O maior perigo é o distanciamento. Eu mesma com meu marido passamos longos períodos sem brincar. Por causa de problemas na vida mesmo, sei lá. A gente acaba tão cansado que nem tem vontade. Mas a gente sempre faz muito carinho um no outro, dorme de conchinha… A gente está presente sexualmente um na vida do outro.  Porque, de outra forma, acabamos virando sócios ou irmãos que apenas dividem o mesmo espaço, sem nenhum envolvimento. Então, a gente pode não transar mas cuidamos sempre da relação.

Voltando ali ao caso da nossa heroína, descobrimos,  lá pelas tantas, que ele já não é o mesmo cara que ela amou no começo da história deles. Que bebe e vai para cama de qualquer jeito, que não faz um elogio, um convite, uma carícia inesperada. E ela foi perdendo o prazer de estar ao lado dele. Compreensível!

Ela foi desistindo e pior, desistindo de si mesma e de seus desejos. Depois dos exercícios de pompoar, que sempre mexem um pouco com a libido, ela ficou toda acesa e disse que ia voltar para casa e procurar o marido, para brincar como há muito tempo não faziam… E que vai ter uma conversa séria com ele sobre caricias, cuidado e afeto na construção de uma relação saudável e feliz.

Missão cumprida!

: )

* O nome é fictício. Não divulgamos nomes ou imagens de nossos encontros. Por isso eles são tão intensos : )