Nossa, há tempos não escrevo aqui!!
Saudade.

Dessa vez, nenhum recadinho me pedindo pra voltar. Ow, ow… Aqui estou eu, blogueira carente outra vez! Mandem daí, por amor,  um “olá como vai?” !
Só pra eu dizer: “Me perdoe a pressa, é a alma dos nossos negócios…”

De fato, estive a mil por ai. Trabalhando muito. (Graças à Deusa, que venha sempre mais!). Mesmo assim, mil histórias pra contar.

Vou começar pelo Chá de Lingerie que fiz há algumas semanas…

Eu costumo dar palestras, fazer esses eventos, mas assim, sou sempre um pouco seletiva. Depende um pouco de sentir o astral das pessoas. Porque você vai falar sobre sexo e é bom quando as pessoas ficam à vontade…

Geralmente passo rápido pelo tema BDSM só porque na maioria das vezes as pessoas não demonstram grande interesse. Dessa vez, no entanto,  foi diferente. É a organizadora do chá quem me dá os parâmetros da palestra. Assim, já dei palestras para todo o tipo de noiva, tratando ora de temas mais leves, ora de temas mais picantes.

Desta vez a organizadora do Chá fez toda a diferença me colocando muito à vontade. Então conversando sobre alguns temas que poderiam ser tratados, comentei sobre BDSM e ela super se interessou. E foi a primeira vez que eu trouxe um escravo mesmo para participar. O escolhido foi o Tchelo (lembra? o presente da Pandora!)

Para o Roger sempre é mais difícil porque afinal ele é o marido da dona do Sex Shop e ai, e o Tchelo , poutz, que delícia de presente! Tudo de bom. Super obediente, carinhoso, fiel, disponível… Ele tem todas as qualidades que eu mais aprecio em um escravo.

Então foi delicioso. Ele veio, as meninas experimentaram, bateram, comentaram, mil perguntas. Ele muito fofo, super comportado, obedecendo todos os comandos direitinho. E, claro, amou!!

Talvez eu comece até a fazer umas cenas nos chás, mas é como eu disse, dessa vez foi porque me deixaram muito à vontade. A organizadora foi sensacional. Transformou o espaço em uma boate mesmo! Nos demos muito bem, ela estava à vontade e eu também. Então ficou uma dupla muito boa.

Tchelo apanhou até do stripper que veio brincar com elas. E eu adoro!! Tchelo além de tudo é extremamente masoquista e tem pouquíssimos limites.

Logo que ele foi embora,  Roger chegou e se pôs logo a meus pés.. Daí foi outra rodada de perguntas. Muito bom mesmo.

Todas as meninas era especiais e nos deixaram à vontade. Eu me tomei de carinho por todas porque é bom quando você fala sobre você. Uma coisa é falar sobre teorias. Outra bem diferente é falar sobre como você vive de verdade. E eu sou muito mais a Rainha Frágil do que a Beth Andrade. Meu universo é esse.

Você de certa forma se sente aceito. Mesmo que muitas meninas se choquem. Uma até me pediu duas vezes para minimizar o castigo do Tchelo porque ela estava se sentindo mal. Eu entendo e respeito. Para quem está vendo aquilo pela primeira vez pode não ser mesmo agradável. E a gente tem que respeitar! Até porque respeito é via de mão dupla, né? Você não pode pedir quando não dá. E  mesmo ela, se inteirou, fez mil perguntas e, se comentou, é porque se sentiu realmente à vontade,  o que é extremamente positivo.

Eu gosto também porque tudo isso passa muito pela questão da autoestima. Minhas palestras giram muito em torno do resgate da autoestima. Porque muitas meninas não conseguem às vezes se relacionar com seus parceiros por causa de uma celulite. Não conseguem nem ir à praia.

E aí, quando eu mostro os problemas que tenho na perna (as queimaduras e tal) junto com meus 54 anos, um marido amoroso e fiel, vinte anos mais novo do que eu, mesmo sem falar que ele é meu escravo e morreria por mim, sei que ajudo as pessoas a entenderem que o amor não tem limites e nem fronteiras. Não importa que marcas você tenha, nem as de fora, nem as de dentro. Importa muito sua capacidade de superação, seu amor próprio, sua dignidade, importa você se dar intimamente.

Costumamos dizer que em BDSM você não precisa de amante, você precisa de um cúmplice. E cumplicidade é um valor lindo para qualquer relação. Onde o outro possa falar sobre suas fantasias, desejos… Que possam fazer muitas descobertas juntos. Eis o que o realmente importa.

Espero sempre deixar essa mensagem nas palestras. E há um poema da Adélia Prado que sempre deixo com a noiva. Lindo. Que fala exatamente sobre cumplicidade…

Casamento

Há mulheres que dizem:
Meu marido, se quiser pescar, pesque,
mas que limpe os peixes.
Eu não. A qualquer hora da noite me levanto,
ajudo a escamar, abrir, retalhar e salgar.
É tão bom, só a gente sozinhos na cozinha,
de vez em quando os cotovelos se esbarram,
ele fala coisas como “este foi difícil”
“prateou no ar dando rabanadas”
e faz o gesto com a mão.
O silêncio de quando nos vimos a primeira vez
atravessa a cozinha como um rio profundo.
Por fim, os peixes na travessa,
vamos dormir.
Coisas prateadas espocam:
somos noivo e noiva.