Quando eu falei que tinha melhorado muito a qualidade das abordagens depois daquela bronca, me referia especialmente a pessoas mais francas, falando claramente de suas limitações. Eu tô achando bem bacana mesmo.
Então muitos têm se aproximado falando sobre serem casados com esposas totalmente baunilha que não sabem nada sobre este universo. Por isso resolvi escrever um texto com algumas dicas sobre como influenciar a esposa.
De cara, aviso que não é fácil. É um trabalho lento e precisa de muita persistência e coragem. E aproveito pra dizer: “Por que , raios, vocês se casam com parceiras que não sabem nada nada desse universo??” É uma ilusão pensar que você vai se transformar e que viverá feliz para sempre sem o BDSM. Gente, não existe isso! Somos como os gays. Os gays já se sabe, nascem gays, nós, acredito que não se saiba. Podemos realmente ter visto ou participado de algum acontecimento na infância que desencadeou esses estranhos desejos ou talvez já nascemos mesmo com um parafuso a menos (ou a mais! – questão de ponto de vista!). Não sei nada sobre isso! Se algum psicólogo quiser trazer alguma luz para o tema, agradeço!
Há em muitos casos uma grande hipocrisia,né? Medo de se casar com uma dominadora. “O que dirão os amigos?” !? Você pensou que seria fácil e agora a m… está feita. Você a ama, tiveram filhos, é feliz no seu cotidiano mas sexualmente você está fo-di-do.. Ou não. Você quer estar fodido, rs, mas a vida sexual é totalmente mamão com açúcar!!
Vou tentar ajudar.
Abordagem:
Primeiro você pode tentar abordar o tema de forma sutil! Trabalhei muitos anos em RH e quando estávamos implantando os PCs havia muita resistência por parte de gerentes mais velhos que simplesmente não confiavam na tecnologia. Pessoas mais velhas que precisávamos envolver nas mudanças. Não era uma coisa que podia ser imposta.
Uma das coisas que a gente fazia era “esquecer” artigos sobre empresas que estavam implantando com sucesso as novas tecnologias. “Esquecíamos” no cantinho do café, ou mesmo na mesa da pessoa. E “Ah, foi aqui que deixei esse artigo? Estava louca para terminar de ler. O sr. viu? Imagine que esta empresa conseguiu diminuir o tempo de cálculo e preparação das rescisões contratuais de 7 para 2 dias!! Já pensou? Vou ver se pegamos algumas dicas, né?”
Quando comecei a me envolver com Roger ele já gostava muito de feminização, e eu não via muita graça. Então ele começou a traduzir contos da net (na época não havia muita produção nacional!) e me dava pra ler , porque eu sempre gostei muito de contos. No começo lia por ler, mas um dia, nossa, ele me mandou um que até hoje mexe com a minha libido.
(Bem, esse post já vai ser muito longo…Outra hora comento sobre o conto!)
Enfim, na abordagem você pode jogar o assunto no ar…
* Comentar que um colega da faculdade está fazendo sua monografia sobre esse tema (um amigo meu iniciou assim e se deu bem!)
* Esquecer o computador aberto em algum site que trate o tema com delicadeza (cuidado para não passar imagens agressivas! Isso assusta!)
* Convidar sua parceira para uma visita a um sex shop. Na Via Libido você pode marcar hora e ficar à vontade com sua parceira passeando pelos departamentos da loja. Sou eu mesma que atendo então você me dá um toque e eu dou um jeito de chegar nesse tema. Também é possível fazer uma tour virtual pela loja (mas também é bom marcar horário) e passeamos juntos os três e eu vou dando os toques. Na sua cidade, vá sozinho primeiro, veja se tem uma estrutura acolhedora e se você ficará a vontade para , por exemplo, ao passar pela parte SM comentar; “Eu queria experimentar isso um dia. Porque será que tanta gente gosta desse negócio de dor? (Agora se você casou com uma pessoa que é tão fechada que não consegue nem entrar num sex shop… Cara, você merece sua vida do jeitinho que ela está! : / ).
* Abra sempre que possível o tema sobre fantasias sexuais. O filme 50 tons, apesar de ser uma porcaria, é bastante inspirador para iniciar uma conversa. Deixe espaço para que ela fale de suas fantasias e tente encaixar as suas nas dela. Ouça! Ouça! Ouça!
* Faça amizade com casais BDSM e peça ajuda a eles. É importante que ela saiba que existem pessoas “normais” que praticam BDSM mas deixe que ela fique curiosa. Eu e Roger tínhamos uma amiga que andava sempre conosco mas não sabia que éramos praticantes. Um dia resolvi contar e foi muito engraçado porque ela começou a rir e disse: “Eu sabia que vocês tinham alguma coisa diferente! Não é normal um casal com tanta cumplicidade como vocês dois!” Aliás, muitos casais baunilha até hoje nos procuram tentando descobrir a fórmula da felicidade conjugal, rs. E acho que ajudamos muita gente!!
Comportamento:
As dicas de abordagem podem ajudar mas você também pode comportar-se como submisso no dia a dia de vocês.
* De manhã, acorde mais cedo, se têm filhos, prepare as crianças para a escola, prepare o café da manhã e só a acorde quando tudo estiver pronto. Sempre leve o café da manhã na cama para ela.
* Sempre se coloque abaixo dela. Evite usar o sofá, por exemplo. Sente no chão, sempre aos pés dela. Internalize isso. Seu lugar é aos pés dela. Sempre.
* Se os dois trabalham, procure chegar antes dela. Aprenda a cozinhar e prepare jantares especiais. Se gosta de feminização arranje um aventalzinho bem feminino e use todos os dias enquanto a espera. (Tem uns lindos na Via Libido e eu faço sob encomenda também) Diga que ganhou em um sorteio do escritório, sei lá. Ou passou uma senhorinha vendendo no carro e você ficou com pena…
* Sempre encontre tempo para massagear-lhe os pés. Seja como um cãozinho treinado que traz o chinelo para a dona. Sente a seus pés e comente como ela deve estar cansada. E faça carinho todos os dias nos pés dela.
* Se ela chega primeiro do trabalho ou não trabalha, pegue roupas para lavar, por exemplo. Comece com as roupas íntimas. (A esta altura acredito que ela não lave suas cuecas, né? Então aproveite para lavar as calcinhas dela também). Faça com esmero, com calma. Deixe-as perfumadas e guardadas já na gaveta. Encarregue-se dessa tarefa e cuide. Não esqueça pra sempre no varal, por exemplo. Faça dessas tarefas uma rotina ao ponto de acostumá-la a elas e um dia, quando você menos esperar, ela vai estar cobrando as calcinhas prontas para uso na gaveta ou aquele café da manhã na cama.
* Seu dinheiro, se são casados, se o relacionamento é sério, seu dinheiro pertence a ela. As necessidades dela são sua prioridade. Não compre uma agulha para si sem pedir o consentimento dela. Trabalhe mais. Faça economia. Atenda ao máximo todos os caprichos dela. Jamais questione seus gastos.
* Se ela ficar chateada com você por qualquer motivo, com ou sem razão , peça desculpas. Nessa hora abaixe a cabeça. E peça desculpas ou perdão conforme a gravidade.
* Na hora do sexo!!! Por amor, é a sua hora de mostrar total submissão. Muita preliminar. Muita mesmo. (Lá no sex shop espero que tenha convencido ela a comprar um vibrador. Um delicado, pelo menos, para massagem clitoriana). Tente não penetrá-la. Faça muito oral. Faça-a gozar com oral. Lamba seus pés. Lamba seu corpo todo. Penetre com os dedos e tente encontrar o ponto G (leia! leia! leia!). Faça tudo o que ela gosta. Se ela for resistente a sexo oral (infelizmente é muito mais comum do que se imagina) não force. No sex shop procure produtos beijáveis para sexo oral. Invente, criatura. Pesquise!!
Lembra que o seu prazer é apenas dar prazer a ela. Em meu outro blog tem algumas dicas legais.
Bem, isso me lembrei agora mas talvez possam surgir outras ideias ai nos comentários. Sei que muitas pessoas passam por isso e talvez tenham métodos diferentes. Ajudem aí!!
Tenha CORAGEM e OBEDEÇA SEMPRE.
A senhora acha que é fácil uma mulher conseguir despertar um lado dominadora?
Na minha opinião sim, mas como bem indicado neste artigo, acredito que deve ser feito aos poucos e de forma crescente, desta forma mesmo não sendo “consensual” ela vai sentir o prazer de ser tratada como uma rainha, podendo isto se tornar um hábito e até mesmo uma descoberta.
Obrigado, adoro este site.
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Acho que sim, Cristiano… Mas é preciso muita paciência. Um trabalho de formiguinha. Se for muito apressado pode assustar ou pior, pode acabar com uma relação superficial, dominando por baixo. Ela fazer só pra te agradar. Tem que ir devagarinho buscando esse lado dela. Pode existir em algum lugar lá dentro dela.
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“Os gays já se sabe, nascem gays, nós, acredito que não se saiba. Podemos realmente ter visto ou participado de algum acontecimento na infância que desencadeou esses estranhos desejos ou talvez já nascemos mesmo com um parafuso a menos (ou a mais! – questão de ponto de vista!). Não sei nada sobre isso! Se algum psicólogo quiser trazer alguma luz para o tema, agradeço!”
Primeiramente, bom dia Senhora Beth! Descobri a pouco tempo o teu blog, até arrisquei um comentário esses dias atrás. Sou psicólogo e ao ler os dizeres acima, fui compelido a fazer um comentário… Espero ajudar. Não existem evidências científicas de que a pessoa venha nascer gay, mas existe um espaço etário obscuro em nossas vidas e que chamamos de 1ª infância. Nesse período que vai do zero aos 5 anos aproximadamente, nos lembramos de quase nada dos acontecimentos. Acredito (eu) que aí que pode acontecer as escolhas, ainda que inconsciente, devido aos fenômenos em nossas vidas, talvez abuso, talvez outros tipos de violência, talvez muito carinho da parte de um dos parentes, ocorrendo uma identificação. Eu mesmo, no primeiro casamento consegui ser o machinho por algum tempo (fui casado 3 vezes). Nos outros dois casamentos, não consegui me manter como machinho, embora minhas ex eram baunilhas, não consegui ter uma relação de inversão com nenhuma delas, exceto a última que usou um consolo em mim, meio que sem vontade. Fui feminizado, por uma domme, até com hormônios femininos, morei com ela por algum tempo. Ela arrancou de mim uma feminização que acredito estar incubada desde minha infância. Sou machinho, com cara de machinho, a humilhação de ser sido feito fêmea de uma mulher quebrou minha resistência, embora hoje, sozinho, o comportamento machinho vem a tona de novo….Bom, é isso…Espero ter ajudado…Saudações…Alberto.
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Não entendo direito como estão os estudos nessa questão. Eu falo por mim: para mim, BDSM foi cura. Então acho mesmo que pode estar ai nessa infância obscura porque foi preciso uma terapeuta me dizer que sofri abuso na infância. Muita coisa da minha infância reproduzo na relação com meus submissos. Percebo claramente quando estou projetando… Mas só observo. Não acho que seja um problema.
Você disse: o machinho vem à tona de novo. Isso é controle e entender sinceramente que posição deseja encontrar. Procurar coerência o tempo todo. Preservar como um mantra: submisso, manso e obediente.
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