Quando eu olho em volta e vejo tudo o que construi com Roger, eu sinto, além de prazer e alegria , muita gratidão. Gratidão porque é mais do que uma vida a dois. É uma vida em que me sinto absolutamente livre e soberana. Livre para experimentar, livre para me atirar nas paixões sem medo de abismos. Porque posso viajar para outros mundos, enlouquecer, morrer de paixão, de ciúmes e depois voltar sempre para esse que é o meu porto seguro.
Em tantos momentos da nossa vida ele recolheu os cacos distraidamente sem perguntas, sem recriminação, sem nenhuma amargura. Me lembro uma história que me contaram sobre o homem que saiu de casa para comprar cigarros e só voltou depois de muitos anos. Quando finalmente apareceu, a companheira perguntou apenas: “Trouxe os cigarros?”
É muito mais do que me deixar simplesmente livre para experimentar, é compartilhar comigo as alegrias e as decepções dessas experiências.
E o que é mais foda, sabendo que de minha parte o amor jamais será assim desprendido. Eu tinha que aprender com ele porque é lindo demais amar assim. Mas sigo controladora, compulsiva, febril, voraz. E aos trancos me apaixono, me exponho, me queimo, vou ao inferno e ao céu, de mim e do outro, até ficar insuportável. Depois, só depois, volto brisa.
Talvez seja errado esperar encontrar em todos os homens a mesma fortaleza que encontrei no Roger. Amor incondicional que tudo suporta. Amor sadomasoquista.
Obrigada : )