Eu não sei se estão gostando de ler. Eu to amando contar minha história.
Já contei várias vezes mas nunca assim de forma direta e continuada.
Todas as histórias que vou estar contando aqui estão espalhadas pelo blog.
Neste post vou contar a história de como pode uma Rainha se confessar frágil e de como uma pessoa aparentemente tão frágil pode trazer dentro de si uma grande Rainha?
Eu tenho um espírito libertino. Desde menina.
Sempre viver tudo, sempre me jogar em tudo.
Na adolescência fui um pouco menino. Eu podia tudo o que os meninos podiam.
E as meninas nunca podiam nada.
Então eu andava mais com os meninos.
Namorava muito, tinha uma turma grande de amigos, acampava, ia para shows,tive filho cedo, entrei bem tarde na faculdade… Assim, minha mãe sofreu comigo, vivia preocupada sem saber em que lugar do mundo eu estava. Porque eu podia estar em qualquer lugar.
Os gritos da vida me chamavam para todo lugar.
E éramos eu e meu filho. Uma grande aventura.
Eu colocava um cobertorzinho na mochila e íamos para a praia, muitas vezes sem grana.
Ele fazia amizade com a praia inteira. Tínhamos sempre onde dormir e onde comer.
Eu ganhava um bom salário mas era salário de menina.
Era uma vida feliz até uma coisa acontecer que mexeu muito comigo. Não gosto de lembrar. Mas digo que foi uma situação de abuso que afetou todas as escolhas que eu faria a partir daí.
Quebra de confiança.
Essa foi a sensação que nunca saiu do meu coração.
Bem…
Enfim…
Fiquei muito frágil a partir dali.
Sem força para reagir.
O mundo não era mais um lugar confiável.
O lugar que eu ia de uma ponta a outra da cidade pedindo carona, não era mais um bom lugar.
Quando comecei a reagir, depois de meses, conheci o outro relacionamento abusivo.
É a merda de não reagir a tempo. Estamos numa guerra. É preciso reagir.
Mas eu estava frágil demais. Me deixando levar.
Eu vinha de dias gelados, de muito frio, muita fome. Um medo enorme de colocar meu filho em perigo nesse novo mundo não confiável. E me apareceu essa pessoa.
E foi um abrigo. Não posso negar.
É como você chegar finalmente em casa, tomar banho quente, um copão de chocolate.
Você fica. Você luta para defender essa paz que conseguiu mesmo sabendo que é uma paz frágil que uma pessoa frágil conquistou.
Deixei por anos que me conduzisse, que explorasse meu trabalho, meu talento.
Em troca disso ele me deixava ficar onde eu pensava viver um lar com meu filho.
Sem amor, sem paixão. Um acerto.
Uma parceria.
Como força de autoridade ele ameaçava me jogar na rua. Com filho.
Levar de novo meu filho pra rua.
Demorei anos para me libertar.
Então íamos e voltávamos muitas vezes. Ele fazia mil promessas.
Ele até foi melhorando com o tempo. Mas sempre as ameaças.
E tanto e sempre que as ameaças foram perdendo a força.
Eu ia perdendo o medo da vida.
Já tinha voltado a trabalhar e sempre tive bons empregos.
Sempre ganhei muito acima da média da maioria dos meus amigos.
Ele não parava em empregos, não fazia amigos.
E queria ter um negócio próprio.
Precisava que eu concordasse em sair do emprego e investir em um negócio para nós.
Nesse tempo meu filho pedia atenção. Estava com problemas na escola.
Eu trabalhava demais.
Ponderei que realmente podia ficar um tempo maior com ele e que se o negócio desse certo eu poderia mais tarde voltar a desenvolver meus projetos.
De qualquer forma, quando essa pessoa queria algo, ele me enlouquecia até eu aceitar.
E foi assim.
Um negocio atrás do outro, eu me distanciando sempre dos meus projetos.
Sempre eu trabalhando e ele tomando conta do dinheiro sem nunca dar satisfação.
Quando conheci o Roger estávamos em um novo negócio.
Já estávamos separados. E dessa vez definitivamente.
Porque a gente veio pra cá, deixei São Paulo, carreguei meu filho e ele não mudou nada.
Continuava me ameaçando.
Foi perdendo a força mesmo.
E eu cada vez achava melhor mesmo a gente se separar.
Meu filho cresceu e não o aceitava mesmo depois de anos de convivência.
Finalmente nos separamos mas tínhamos um negócio juntos.
Então os problemas continuariam por mais 10 anos.
Só lamento ter perdido tanto tempo nas vias judiciais, brigando pela empresa. Briguei tanto por minha empresa. Porque era de novo ele destruindo tudo. E eu via infinitos recomeços.
Mas devia desde o começo denunciá-lo por Violência Doméstica. Hoje sei que Violência Doméstica não é só olho roxo. Depois, quando só éramos sócios, continuei sendo assediada. Há 10, 15 anos não tinha essa consciência. Não havia tanta informação.
Ou talvez eu tenha demorado muito mesmo para acordar.
De toda forma, duas coisas foram infinitamente libertadoras para mim: a Internet e o meu desejo de ter prazer. Sim, porque você pode imaginar a bosta de vida sexual que eu tinha com a pessoa né?
A Internet me permitiu encontrar pessoas, uma brecha para novamente voltar ao mundo.
Mas por quê a sala de sadomasoquismo?! Com tantos espaços na net, como é que alguém vai parar numa sala dessas??
É uma boa história. Ia ser hoje mas tá muito longo.
No próximo post. : )