Obrigada.
Oi, Rose, obrigada pelo seu carinho. Na verdade, eu já fui convidada várias vezes para o Roda Viva, ainda na antiga comunidade, e não aceitava pelos mesmos motivos que você mencionou.
Mas, dessa vez, é diferente, por causa da comunidade, dessa sensação de perda que ainda estou sentindo, e porque realmente 2008 é um ano importante na minha vida. Em maio, eu e roger fizemos 10 anos de namoro, minha loja a Via Libido, faz 10 anos, tb, tb 10 anos o pain, 10 anos que sofri um acidente muito grave, 10 anos de BDSM “oficial” e a femdom em 2009, tb 10 anos.
Eu quero sim, aproveitar que somos poucos, sentar aqui, rodeada de velhos e novos amigos e contar pra voces sobre histórias muito bonitas que eu vivi e que eu testemunhei.
Sobraram poucas coisas escritas dessa época. A Femdom Brasil no Yahoo é hoje uma lista praticamente inativa, o pain acabou junto com o mIRC e amanhã tb não haverá o Orkut. Mas resta a memória. Posso lembrar dos risos, dos amigos, das brigas infindáveis, das mágoas, das reconciliações. E acho graça das tantas contradições que vão acontecendo. Das idas e vindas dos meus companheiros. De todas as juras que li, de todos os desencantos que aprendi.
Eu prometi que estaria sempre aqui. : )
Sobre a resistência…
Bem, sobre SM, pouco tenho pra falar. Era SM antes do mundo virtual e serei para sempre, acho. Mas então, sobre ese mundo virtual.
A verdade é que em Fortaleza sempre estivemos muito isolados. Faltou-nos sempre pessoas com quem trocar informações, ou mesmo simplesmente para jogar. Somos exibicionistas, eu e o roger somos, e sentimos sempre a falta de parceiros. E foi por isso que sempre procuramos as pessoas no mundo virtual.
Quando abri o pain, quando abri a Femdom Brasil, nem agora com a Profania, nunca foi idealismo, não. Foi só vontade de conversar. Vontade de fazer amigos.
As vezes foi bom, as vezes foi ruim. O mundo virtual já foi assustador pra mim. Se uma pessoa tem inveja ou mágoa de voce no mundo aqui fora, voce pode jamais chegar a saber. Mas no mundo virtual as pessoas criam fakes, e há muitas armadilhas. Nos últimos meses nós aqui em Fortaleza tivemos duas comunidades importantes roubadas, uma outra meio clonada e agora isso da DS. No tempo do mIRC existia outra coisa, chamava “nuke”, se não me engano… Voce perdia sua comunidade também se um sujeito cismasse com a sua cara.
E aqui as palavras ficam registradas. Um dia vc pega sem querer um log e descobre que aquele grande amigo, nunca foi nem grande nem amigo. E na hora do sentir, não é virtual. Voce se machuca de verdade. Assim foi que ao longo desses anos houveram tantas divergencias tão profundas. Voce não tem como apagar as palavras.
Então eu sobrevivi sendo o mais verdadeira possível em minhas relações. Então eu me atrapalho, eu faço pré-julgamentos, eu falo demais, eu perco a paciencia, eu erro como pessoa que sou. E eu me perdoo por isso.
A contrapartida é que também as demonstraçôes de afeto são sempre mais bonitas, mais grandiosas. Então, isso vale muito. Isso vale mais do que as coisas ruins que acontecem. Eu acho.
E, como eu disse, eu prometi que ia ficar aqui. Prometi a velhos companheiros que estaria aqui quando eles voltassem. Então eu estou no mesmo telefone, no mesmo e-mail, nas mesmas comunidades. E eles voltam sempre.
E eu sei que voltaria também.
Oi, Sibilla, obrigada por participar : )
Sibilla, a maioria das Dominadoras também acha que todos os homens são, ou deveriam ser, submissos, rs.
Eu, particularmente, prefiro os submissos que já estão prontos. Essa coisa de escravo rebelde ou dominador não me seduz. Voce pergunta sobre os Dominadores, olhe, eu não me esquivo de uma relação com um Dominador. Se eu me sentir atraida de alguma forma, eu curto. O problema é que nunca encontrei um Dominador que realmente despertasse meu interesse. Já até sai com alguns mas para ter relações baunilha e ja desde aí não me seduziram a ponto de querer me entregar ou mesmo de apenas querer estar com eles mais uma vez.
Quando entrei na Mandic pela primeira vez, entrei como submissa. Eu não sabia ainda que posição eu ia escolher. Tive sorte de encontrar um Dominador muito legal que me ajudou muito a me descobrir. Nos chats estrangeiros, como meu ingles fosse bem pobrinho e se esperava iniciativa das Dominadoras, eu entrava como submissa no #femalehumiliationsex e tinha o maior tesão. Eu salvava os logs e depois passava horas traduzindo.
Quer dizer, se viesse um Dominador bem bacana, talvez eu tivesse embarcado, de boa, mas essa pessoa não apareceu. Eles também nunca se interessaram por mim, acho. Teriam que lidar com muitos limites. Até algumas práticas seriam possíveis porque eu sei que projeto nos escravos um lado masoquista muito latente em mim. Mas sou possessiva, controladora e detesto dor.
Depois, sabe, eu acho que os submissos tem mais “pegada”, são mais envolventes, seduzem mais. E eu gosto de ser seduzida. Eu gosto de ser Rainha. : )
Oi Wys, obrigada por aprticipar! Vou responder devagar cada pergunta.
Primeiro: Não! Quando eu sofri esse acidente, eu já estava muito entrosada com o meio BDSM. Em algum momento da minha vida eu descobri que era sadomasoquismo o que eu gostava, isso não lembro quando. As sensações existiram desde menina, mas nome eu não tinha. Eu procurava em filmes, sabe? Pra sentir aquela sensação. Procurava imagens de opressão nos filmes e nos livros. Lembro da última página do livro O Perfume, tb a ultima pagina de Navalha na Carne, Triangulo Sensual, do Nabokov…
Mas BDSM só foi existir pra mim depois que eu cheguei no meio mesmo.
A primeira vez que encontrei meus pares, foi mais ou menos um ano antes do acidente, acho, 96, por ai… Foi uma matéria no jornal que falava dos “estranhos” chats que estavam disponiveis na net. Falava da sala sadomasoquismo da mandic. Entrei aquele dia mesmo. E fui, de cara, muito bem recebida.
E foi tudo aquilo que comentei com a Nice e com a Sibila, sobre como comecei a caminhar, as inquietações que trazia, e as pessoas maravilhosas que encontrei.
Lembro até hoje que quando cheguei tinha um tal Hittler na sala e um grupo estava explicando pra ele que SM não tinha nada a ver com nazismo. O cara era uma anta, rs, mas eu fiquei prestando atenção e depois abordei as pessoas que achei mais interessantes. Um pouco de sorte, um pouco de cautela. Acho que foi por ai que deu tudo certo logo de cara.
Voce tem saudades como eu, Wys. Eu tenho conhecido pessoas maravilhosas. Tenho aprendido com elas. Mas as vezes penso nisso: já fomos bem mais livres e mais intuitivos.
De um lado há uma necessidade de se falar sobre o sentir como nunca houve. Todo mundo quer ser compreendido. Somos muitos hoje e somos barulhentos, criamos comunidades de todos os tipos, todas muito vivas, pulsando, cheias de energia. O Orkut nos deu uma visibilidade que nunca tivemos. E todos querem ser compreendidos em grupos que já são naturalmente compulsivos e dramaticos. Então me parece que as pessoas vão gradativamente vão aumentando a força das dramatizações.
E essas dramatizações se batem no outro lado com a falta de vivência da assistencia ou daquele pessoal do politicamente correto que fica acenando com a bandeira do SSC na cara de todo mundo. Eles também querendo ser compreendidos. Lembro sempre uma charge da Mafalda em que a amiguinha dela sentada na calçada explicava porque era uma pessoa tão legal. Ela ia contando nos dedos: “eu não como criancinhas, eu não matei meus pais, … “
Me parece isso. As pessoas o tempo todo precisam dizer “olhe mas eu sou SSC” . E a maioria nem lembra mais para que era mesmo que isso servia. Porque a consciencia dos SSC só te vem realmente na prática. Quando voce sente que poderia sim ser bem mais violento, insano e não consensual. Voce só entende os ssc quando o outro está de fato a sua mercê. Porque SM só se entende a flor da pele. As palavras, as imagens, vídeos, tudo é sempre pouco demais para descrever o que sentimos.
Eu lembro que a gente brincava no mIRC e dizia: Seguro e são, consensual a gente vê depois. Era uma piada recorrente. E ninguém fazia disso um cavalo de batalhas. Porque todo mundo sabia que na prática as coisas eram diferentes. Éramos poucos talvez e conheciamos a maneira de vivenciar de cada um.
E a verdade é que soubemos sempre nos cuidar e cuidar dos nossos escravos
Nós éramos mais expontâneos e não carregavamos como um fardo a responsabilidade pelos novatos. Se vão ler não sei o que, se vão pensar não sei o que…
E porque, raios, assumimos essa responsabilidade? Porque “nos achamos” , rs. Porque isso da gente já é meio uma carteirada se a gente pensar bem…
Para não perder a chama, a graça do começo, eu vez ou outra faço explodir aqui e acolá uns conceitos. Eu quero acreditar em cada indivíduo e na sua capacidade de processar as idéias que são debatidas. Eu preciso acreditar porque não quero perder a minha individualidade e pior, a minha expontaneidade.
Acho que há muita competição. Eu sei. O outro não sabe. Acho que é um pouco do mundo virtual que se tornou quase um meio acadêmico. E o SM não ia ficar de fora. Eu, de minha parte, que não sei nada mesmo, faço falar das minhas experiencias porque são profundamente minhas. São minhas alegrias, minhas dores, meu prazer, e a minha forma de experimentar em cada momento.
Se não tivesse feito isso eu não teria aguentado estar aqui até hoje escrevendo sempe o que as pessoas esperam que eu escreva. Estou aqui porque me divirto, me emociono, conheço pessoas, aprendo e ensino. Mas mais do que isso, estou aqui porque respeito as pessoas e elas me respeitam também.
Sobre complicar demais… É tudo isso que ja disse. Eu até hoje não sei muita coisa. Práticas sofisticadas. E pra mim é muito simples: não sei, não faço. Porque o leque de possibilidades é infinito. Faço outras coisas. Me especializei em práticas mais psicológicas do que físicas. Também gosto de spanking e outras que são de fácil assimilação e de baixo risco. E não sou menos Dominadora por isso. Não preciso fazer asfixia pra ter tesão. E se isso for muito importante para o escravo, que procure outra pessoa. Na boa: a fila anda!
Eu acho sim que as pessoas complicam demais. Como se quisessem criar uma mística em torno de mestres e essas bobagens. As vezes encontro pessoas tão assustadas, tão acanhadas com medo de iniciar, de experimentar, só porque leram não sei aonde que é preciso ter dom, ou que é preciso estudar muito, ou que precisam de um mentor… SM antes de qualquer coisa é sexo. E ninguém, afinal, lê cartilhas pra transar.
Acho que fazer de SM um bicho de sete cabeças só faz tornar as coisas mais perigosas porqeu eu to aqui em Fortaleza, longe de tudo e se todo mundo que eu bater na porta pedindo ajuda fizer essa coisa toda que parece que preciso entrar pra uma seita, eu vou desencanar e não vou ficar nem pra ouvir o que é realmente essencial que eu saiba.
Eu nem aceito ser mentora de ninguém. Acho que não faz sentido. Ensino a procurar, indico comunidades, pessoas, sites, livros. É o que faço.
Sobre fetiches ou “os meus são normais, os seus nem tanto” …
É uma coisa engraçada que eu acho que só acontece no meio SM. É um meio grosseiramente preconceituoso. A gente não gosta quando o outro é mais louco do que a gente. É como acordar de ressaca e não querer encontrar o espelho.
Voce lembra que ainda outro dia eu te pedi cautela em um tópico na Universidade que tratava de traçar algumas linhas do que é e do que não é BDSM? Não era a sua intenção, eu entendi. Mas no ponto que estamos acho perigoso tentar qualquer definição.
Porque é assim, submisso que gosta de inversão, não é mais submisso, é “v*ado” (é assim que dizem!) . Humilhar com fezes, argh, não é dominação, é bizarrice. E vai por ai.
Eu não sei se porque eu to aqui há muitos anos e sou bom ouvido, se porque sou dominadora e se porque eu tenho também o sex shop, mas eu acho tudo normal. E eu escuto coisas que o povo aqui ia achar o fim da linha.
Nós esquecemos que somos também fantasia. E fantasia é fantasia. Se na minha fantasia eu sou a Rainha da Cocada Preta, então eu sou a Rainha da Cocada Preta. E pronto. E ninguém pode vir de lá dizer que minha fantasia tá errada.
Isso muito me preocupa quando falamos em nos expor. Porque temos essas rixas, essas coisinhas tolas. Não nos assumimos ainda. Não somos tolerantes. Como vamos exigir tolerância de quem está fora?
Wys, desculpe a demora. Eu havia escrito um texto muito longo sobre a Profania. Não exatamente sobre ela, mas sobre a cena em Fortaleza e os problemas que estamos tendo aqui com aventureiros. Conversando com o grupo entendi que queremos expor o que está acontecendo e vamos fazer isso mas em outro espaço. Colocarei o link aqui posteriormente.
Sobre a Profania ou “minha primeira carteirada”.
Verdade: a Profania nasceu de um carteirada que eu dei em mim mesma, rs. Eu pensei, pensei, e disse pra mim: “Fofa, voce sabe com quem está falando?”
Foi. Descobri que sou a Rainha Frágil e que isso é uma coisa muito grande de se ser. Que sou muito querida mesmo. E que eu pertenço a Comunidade BDSM do Brasil. Ouxe, há anos eu havia parado de pensar em termos de Comunidade. Mas senti ela tão viva, tão forte. Tão bom se sentir parte de alguma coisa em que voce acredita.
Quando eu dei um grito daqui, que queria fazer uma festa, todo mundo quis me ajudar. Todo mundo mesmo. Imagina, até a Bela com quem eu tanto brigo, ate ela fez questão de me dar apoio, dicas sobre a festa. Fizemos uma tregua por conta da Profania, rs. E a anna com dicas sobre o que acontece no Luxuria. E muito apoio. Muita torcida. Wys, não me passou despercebido vc entrar na comunidade BDSM Fortaleza atendendo prontamente meu convite. Depois vc vi entender melhor porque é importante vc estar lá.
Pessoas me ligaram no dia da primeira festa. Me senti uma debutante.
E quando o jornalista veio aqui em casa, ele pensava de fazer assim uma materia rapida. Só veio mesmo ver se era gente normal. Dai eu abri tudo pra ele. Mostrei o livro Sem Misterio, mostrei pessoas, coloquei contatos a disposição dele. Ele se sentiu seguro. Voces não tem noção como é dificil conseguir um espaço como aquele que conseguimos num jornal altamente tradicionalista.
Esta é a minha Comunidade, temos diferenças, brigamos, somos um absurdo de encrenqueiros. Mas das duas uma: ou nós somos uma comunidade ou eu sou hipermegaplus especial. Escolham rápido antes que a minha vaidade me cegue, rs.
E quando chegou o dia da festa, eu tava assim, Rainha Frágil, poderosa, segura, forte. Com toda essa energia. E o que era pra ser uma festa pequena, se tornou um grande evento. Uma super estréia.
Ouxe..Me empolguei. Mas eu precisava agradecer e agora me deram esse espaço aqui. Vou propor que seja permanente pra eu sempre vir falar das minhas mazelas. Eu sou toda emoção, e eu gosto de agradecer.
🙂
No pouco tempo de SM q tenho, noto que algumas pessoas preferem amizades e relacionamentos do meio, enqto outras continuam fazendo amizades baunilhas e mantendo as antigas. Qual foi seu caminho nesse aspecto e o que te levou a seguir este caminho?
Ice Queen,
Eu tenho amigos de todo o jeito. Detesto a ideia de gueto. E abro com todos os meus amigos o que eu curto. Eu to sempre com o roger e as pessoas mesmo acabam curiosas sobre como a gente é um casal tão incrivelmente equilibrado. Dai elas perguntam como e a gente explica, rs. E o pessoal acha lindo, acaba curtindo.
Eu falei ainda outro dia do auto-preconceito. O pessoal BDSM se acha muito feio, rs, e podem até ser, às vezes, quando não entendem direito o que é BDSM e não constroem relações positivas e saudáveis.
Eu com meus escravos sou bem vista em qualquer ambiente. Quando vamos ao swing, a gente as vezes quietinhos, só os dois num canto, chamamos a atenção das pessoas. As vezes uma ceninha boba, ele lambendo meus pés, e o povo se desmancha, quer saber, elogia. É muito legal.
É perigosa essa vivencia de guetos. Eu acho.
E não precisamos disso.
Ola Roberto…
Recebi como um elogio suas palavras. Minha formação é na área de Administração com Enfase em Recursos Humanos. Havia esse curso na minha época (uns muuuiitos anos atrás,rs). Hoje acho que há especialização em RH. Eu atuei em Treinamento então falava muito com os empregados em todos os níveis, isso facilita muito a comunicação. Voce precisa sempre se esforçar para encontrar palavras que todos compreendam.
Eu acho que me comunico muito bem, mas não sei se posso dizer que escrevo bem. Acho minha escrita muito simplória, não sou de muito pesquisar e não me concentro muito para escrever. Mas acho que sim, que as pessoas gostam porque é muito pessoal, é muito a minha verdade, a minha forma de enxergar o mundo , é o meu sentir, profundamente “o meu sentir”. Gostaria de usar mais metáforas, ironias, quem sabe até sofismar, rs… Mas não tenho mesmo o dom da retórica. Não tento convencer ninguém das minhas crenças mas valorizo o meu direito de falar sobre elas.
Obrigada pelo carinho 🙂
Lord Estevão,
Pois é, como se não bastasse todos os problemas de Fortaleza ainda esse: o povo vai embora daqui. Sem voce e a Cláudia eu vou precisar realmente de uma dose extra de apoio !
Em breve vai chegar a 3a. edição. Agora estou as voltas para encontrar um bom lugar. Como todo bom nordestino, a Profania também é uma retirante, rs. Uma hora dessas ela vai ai em Recife.
As coisas não estão fáceis por aqui mas sinto que tudo isso esta fortalecendo o grupo. Nunca estivemos tão unidos e isso me faz muito feliz.
Tem pessoas já perguntando da próxima. Acho que devagarinho vamos tirar o povo das masmorras virtuais.
Assim espero.
Tenho grandes sonhos e grandes expectativas.
OI Carol, obrigada por participar.
Sempre que eu tenho oportunidade de falar do tema, eu falo. Agora, que to fazendo as festa, dai falo mais ainda. As pessoas acham lindo. E fazem sempre muitas perguntas. Dai eu me abro toda, rs.
Mas só assim, porque elas veem a propaganda e se interessam ou se acontece naturalmente no meio da conversa. De outra forma, não. Porque, em alguns casos, pode ser invasivo. Sex Shop ainda é tabu para muitas pessoas então a gente tenta deixá-las muito à vontade para que façam suas próprias descobertas.
As vezes eu tenho vontade de interferir porque escuto coisas que me incomodam profundamente. Tipo a pessoa comenta ao passar pelos acessórios sado “isso é gente doente que usa, deus me livre!” e eu tenho que ficar quieta. Eu entendo que qalquer interferência pode ser interpretada como uma tentativa de perverter. Elas conseguiram entrar no Sex Shop, e com o tempo vão entender melhor as coisas.
Por incrivel que pareça o público do Sex Shop é bem diferente do que se costuma imaginar. São pessoas muito comuns, ou, melhor dizendo, sexualmente comuns. Querem uma boa transa com seus parceiros, geralmente heteros e baunilhas. Lá um dia compram uma par de algemas, uma venda…
Paciencia, rs.
Sao sempre lentas as revoluções…
: )
Olá, Meli, obrigada por participar : )
Esse nick tem tanto significado em tantos momentos diferentes… Mas eu vou começar falando sobre quando foi que eu comecei a juntar essas duas palavras.
Depois que eu sofri um acidente, esse que tá fazendo 10 anos, eu fiquei muito isolada. Primeiro, nós não conhecíamos ninguém em Fortaleza, não tínhamos família aqui. E havia sempre o perigo de infecção então eu não podia me expor.
Eu ficava muito tempo na net. Especialmente no IRC, nos canais femdom_brasil e pain. E éramos poucos naquela época. E em alguns dias, as dores me maltratavam muito e eu me desesperava demais porque parecia que aquilo não ia acabar nunca. Então nesses dias, eu mudava o nick para A_Rainha_está_ frágil ou A_Rainha_quer_colo ou Rainha_chorando_muito. Apenas sinalizando para os submissos que eu estava muito mal. Havia dias em que eu só conseguia chorar. Assim : ~~~~~~~~~~~~ , rs
E eles então vinham assim mansinhos, falavam coisas, me consolavam. Essas pessoas foram muito importantes durante todo esse processo.
Mas isso ficou esquecido depois. Eu fui ficando bem, voltei a trabalhar. E dai já não ficava mais tanto tempo no IRC. Fundei a femdom brasil e me mudei para o Yahoo. E alguns anos depois retomei esse nick, agora já por um motivo bem diferente.
Eu já me acostumara mesmo que sem saber a ser amada como uma Rainha Frágil. Aqui, no mundo real, meus escravos sempre foram muito cuidadosos comigo por causa do acidente, porque até um grão de areia podia ferir a minha pele e fazer sangrar. Durante quase um ano eu precisava me apoiar em meu escravo para andar.
Mas aqui dentro, aqui no mundo virtual, as Rainhas eram todas muito poderosas. Então eram nicks pesados, pomposos. E eu era Samia. Só Samia. Eu era, de fato, mais humana do que minhas companheiras da época. A maioria das Rainhas usava uma postura de estátua mesmo. E me criticavam por eu ser assim, tão humana. Eu gozava, eu me apaixonava, eu chorava. Eu era pessoa. Por dai eu ja tava naquele processo que comentei com a Denise, de encontro, de comunhão comigo mesma.
Então quase mesmo como uma afronta eu comecei a assinar Samia, A Rainha Frágil. Era um deboche. Depois fui parando de usar Samia, e foi ficando só Rainha Frágil.
Um dia me dei conta: Rainha Frágil, pode ser afinal qualquer mulher. Todas são ao mesmo tempo Frágeis e Rainhas. E eu sou assim… MULHER : )
Ola Maria, obrigada por participar.
Olha, o meu grande barato na feminização é justamente a desconstrução. Eu gosto de homens cativos. Meus escravos em geral são homens fortes que eu admiro. E quanto mais homens, quanto mais fortes, maior o desejo de desconstrur. E reinventá-los.
Se já chegam prontos, com nicks femininos por exemplo, não me atraem. Até porque em 90 % das vezes, esse querem apenas uma S/O. Não são submissos. E eu gosto de submissão.
Mas também não me atraem os que chegam com nicks do tipo “amordaçado-algemado-com-roupa-de-latex”. Até porque eu preciso antes conhecer a pessoa. Gosto de nicks com nomes de pessoas, por exemplo.
Não é que não possam falar de seus fetiches. Até podem. Se isso não vier num formato muito Mac Donalds, tipo: “Me vê dois disso, um daquilo” Corta meu barato, totalmente. Se ele for sincero nas nossas conversas, eu vou perceber qual trilha preciso percorrer para chegar onde eu quero. Porque eu sei o que eu quero. E não vou abrir mão de nada. Aceito percorrer os atalhos que o escravo aponta, mas eu sei onde quero chegar. E vou chegar. É só uma questão de tempo.