Eu não sei se sou eu que estou sainda mais à noite mas sei que muitas coisas estão acontecendo em Fortaleza. Queria mencionar especialmente o For Rainbow. Eu acho que é uma grande idéia e acho que está sendo muito bem organizado.
O For Rainbow é o Festival de Cinema da Diversidade. Concorrem filmes de todo o Brasil. Ano passado Tulio Bambino ganhou melhor direção com o filme Algolagnia, e foi por conta disso que eu conheci o evento.
Além dos filmes também acontecem vários outros eventos, debates, encontros e oficinas. Eu só vou comentar mesmo os filmes do segundo dia da Mostra Competitiva. Houve uma melhora impressionante na qualidade dos filmes deste ano em relação ao ano passado.
Obviamente que minha torcida este ano era pelo novo filme do Tulio: BAR A.K.A. , primeiro porque eu sou co-produtora, segundo porque eu adoro olhar do Tulio sobre o universo fetichista e BDSM. E eu adorei. Mas vou falar mais sobre ele quando falar da terceira edição da Profania.
Na ordem que foram apresntados, o primeiro da noite foi o paraibano AMANDA E MONICK , um documentário que focaliza dois travestis em uma cidade no interior da Parahiba. Singelo, engraçado, dramático… Tudo numa boa medida o que nunca é muito fácil quando se trata de um tema tão estigmatizado.
Depois DIZERES ÍNTIMOS. O que dizer? É um filme bem feito e tal. Mas… É como diz a sinopse: “Uma mulher, cansada do casamento monótono, revive uma amor da adolescência, o que fará ela refletir sobre o seu casamento.” Eu acho que não tem muito a ver com diversidade mesmo que esse amor da adolescência seja outra mulher. É uma boa história mas é apenas mais uma história de amor. Na minha opinião, não é um filme para esse festival. À parte isso, é bem cuidado, com boas atuaçôes, enfim…
QUEM É VOCÊ NA NOITE? Outro documentário. Este sobre a noite paulistana e a cena gay. Muito bom. Entrevistas com frequentadores da noite intercaladas com especialistas de diversas áreas. Discutiu a questão da identidade. Procurei no Tube mas ainda não tem. Eu gostaria que o pessoal BDSM assistisse. Gostaria de abrir um debate sobre esse filme. Gostei muito.
Depois, o único cearense da noite, PARA MACEDÔNIO. Desculpem mas eu achei fraco, muito fraco mesmo. Primeiro não tem nada de diversidade. E segundo… É um filme chato!! O diretor tentou umas coisas que são muito perigosas, como a imagem parada por longos minutos. Nada acontecendo. Eu não sou uma crítica de cinema, nem sou especialista. Só tô mesmo comentando o que achei dos filmes, mas, parar a imagem por tanto tempo, sei lá, acho que nem o David Lynch arriscaria.
BARBARA. Eu adorei. É lindo. A história de um travesti que volta para visitar o pai moribundo em um hospital. Às vezes engraçado, as vezes dramático. Também muito bem feito. Excelente.
Por último, o filme mais louco da noite: FILTHY. No começo eu mesma fiquei meio assim, invocada, “diábéisso?”, mas é só o primeiro impacto, depois você acostuma os olhos (e o entendimento) e dai fica lindo. Ousado. Diferente. E, mesmo que muitas pessoas não concordem, é assim que a gente vê a diversidade. É assim que a gente aprende diversidade. Acostumando os olhos e os sentidos. Eu achei extremamente sensual. Um tesão!
Bela crítica de cinema, Elizabete. De quem sabe ver e refletir com a cabeça, inclusive fazendo uma clivagem do que é e do que não cinema de gênero. Adorei.
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Todos podemos analisar o que assistimos sem necessariamente sermos jornalistas críticos que ão muitas das vezes pagas pra endeusar ou arrasar um filme ou um disco. Sua crítica foi fundamentada por anos de experiência na arte S/M e um background cultural digno de uma pessoa extremamente antenada e politizada.
Parabéns e ano que vem estarei prestigiando o FOR RAINBOW. Beijos a vc Beth e a toda produção juntamente claro dos invetidores.
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