Sem falsa modéstia, eu tenho muitos fãs, pessoas que me leem a cada atualização, que me abordam, que agradecem pelos textos. Outros não tão assíduos mas que simpatizam com algumas posições, relatos. Outros que só querem ver figurinha.

Todos igualmente queridos e amados.

E tem os idolatras. Via de regra começam idolatras e terminam haters, simplesmente porque oferecendo-me a própria vida na tentativa de capturar-me , fracassaram. Afinal que Mulher, que Senhora, que Domme não amaria para sempre alguém que se desse tão profundamente? Quem não amaria tamanho sacrifício?

A gente já pode pegar daí. Ninguém te pediu nenhum sacrifício! Era pra ser divertido pra nós dois. Qual a parte da frase “Vamos curtir!” você não entendeu?

Dommes não são deusas nem possuem poderes mágicos. Então se você se embriagar de paixão, é só você se embriagando de paixão. E que delícia você deve ser. Adoro os que se deixam devastar pela paixão. Eu mesma me deixo levar. Eu preciso me apaixonar sempre. Sou intensa.

A paixão no entanto tem seus percalços. Todo prazer tem um preço.
Você se joga e o outro não.
O outro se joga e você não tá a fim.
Algumas vezes machuca, mas muitas vezes ainda provoca um riso de repente.

Então ninguém tá dizendo que não pode se jogar. Pode sim. Se joga! Mas saiba voltar à tona. Saiba ter seu próprio tempo. O salto é seu. Você é o único responsável por suas escolhas.

“Mas eu faço tudo por você!”

Quanto é “tudo” pra você? Pra mim “tudo” é até o limite dos meus anseios e dos seus limites (se bem os colocou quando conversávamos sobre as regras do jogo).

O seu “tudo” tem que ir até o limite dos teus anseios, colocados claramente tanto quanto seus limites.

Você sempre tem que se perguntar se dá pé pra você, se consegue ainda voltar à tona, sem sacrifícios.

É preciso manter sanidade e dignidade.

Mergulhar sim. Sempre! Mas saber voltar à tona. Ter projetos pessoais, rever prioridades em cada setor de sua vida, refletir sobre práticas que, querendo você ou não, irão extrapolar para o seu dia-a-dia, informar-se sobre danos irreversíveis. Ter consciência plena de suas escolhas e do preço que poderá pagar.

Você é o único responsável por suas escolhas. Não diga depois “ah, não podia desobedecer minha Dona” ou “fazia qualquer coisa que desse prazer à minha Dona”.

Mentira.

Você teve prazer também.
Você gosta de obedecer.
Você permitiu.

Não jogue nas costas da Domme o que foi desejo compartilhado, negociado, e, acima de tudo, vívido com prazer por você e pelo outro , ou outros.

Não. Eu não quero você grudado em mim, que dependa de mim pra ser feliz. Quero que tenha vida própria para além dos nossos projetos.

E estaremos juntos.
Desde que cada um inteiro. Sempre.