Quando eu assisti Baunilha do Léo Tabosa e me rasguei aqui de elogios, muitos podem ter pensado: “Bah, ela adora o Brenno, claro que ia falar bem!” Mas não. Sou extremamente crítica com as pessoas que amo. Fui sincera. O filme é lindo. E todo mundo que vai assistindo vem me dizer que se emocionou, que é foda e bla bla bla. E o filme também já ganhou vários prêmios importantes.
Aqui as impressões de David Amorim também emocionado…
Identidades Mascaradas
por David Amorim
Baunilha, no BDSM nos remete ao sexo comum, convencional, sem nenhum
artifício que o torne mais atrativo, prazeroso, ousado, gostoso. Conheci o BDSM a quatro anos atrás, buscava por algo a mais, algo que mostrasse outras alternativas, outras formas de gozo, sem necessariamente ser a partir da penetração dos órgãos.
Desde então venho lendo, pesquisando, buscando textos e fontes sobre o
assunto – afinal, nunca é demais ler a aprender e confesso, é um mundo cheio de possibilidades e prazeres; mas faltava algo – algum material visual que me despertasse interesse, livros já não saciavam a curiosidade, tive conhecimento então do documentário “Baunilha” de Leo Tabosa.
De início fiquei curioso principalmente pelo título, pensaria em mil possibilidades de nomes para um filme BDSM, menos baunilha, confesso que diferente, porém genial esta ideia.
Finalmente consegui assistir ao filme e confesso, é muito mais do que esperei,
as imagens, os sons, as falas, as máscaras – sim estas ao meu ver foram o ponto principal das filmagens, como disse Brenno Furrier elas possuem muitas utilidades, entre elas “despersonificar, tirando a identidade de quem o usa”, ela cria personagens, ambientes e fetiches de acordo com que a usa.
Escrevendo esse texto e revendo o documentário me vem muitas coisas na cabeça, a primeira delas de como um objeto tão simples como a máscara pode gerar uma série de prazeres, fetiches, sensações. Mas o documentário não se atém apenas a máscaras, eu é que fiquei preso nesse meio, objeto que me atiçou a mente depois de ver.
O documentário em si conta a trajetória do Dominador Brenno Furrier e confesso amigos, que história, a única coisa que me vem na cabeça no momento é o desejo de passar uma tarde ao lado dele ouvindo, vendo, absorvendo suas experiências, vivências no meio.
Terno, máscara de gás, empunhando um chicote em determinados momentos
Brenno vai falando sobre as práticas sadomasoquistas, em outros momentos fala de suas experiências e vivências; algo que achei muito importante foi sua fala inicial sobre SSC, sim é necessário em todas conversas sobre tais práticas se falar sobre são, seguro e consensual pois isso nos separa das práticas doentias.
Outro ponto interessante do documentário para pensarmos é o de que Brenno vai falar que o BDSM não é o que vemos em filme de sexo, e eu acrescento aqui em filmes no geral, para quem procura tal ato no mio é melhor ir tirando o cavalinho da chuva, sim meus amigos, essa é a pura realidade.
Mas voltando ao doc, algo no meio dele me chamou atenção, me despertou curiosidades e desejo porque não? Na cena Brenno está com um submisso dentro de alguma cama ou algo parecido feito de látex, me perdoem por não saber o nome; aos poucos o látex vai colando na pele do submisso – sua respiração fica cada vez mais forte, em minha opinião uma das cenas mais lindas durante a película.
Algo que nos chama atenção na sua fala também, é quando ele vai falar o momento em que vai se descobrir um dominador, mesmo que na época fosse sem saber.
A partir de sua fala consegui imaginar a cena, o local, como se deu a cena. 10 anos – um garoto pequeno, morando no interior e como qualquer outro gostava de brincar com os amigos; brincávamos de amarrar – fui ao estabulo e com um chicote em punho bati num garoto que tinha o dobro do meu tamanho e ordenei que o mesmo me chamasse de senhor.
Enfim, não vamos nos prolongar; só sei que por mais que eu assista o documentário – eu tenho mais cede de o ver, curiosidades vão surgindo, meus olhos a cada cena passada, máscaras, chicotadas, histórias excitantes e tristes em determinados momentos, aprendi muito com este filme, Leo Tabosa sem dúvida teve uma sacada genial ao produzir todo o roteiro, cenas, imagens, um verdadeiro gênio, deixo aqui o meu grande obrigado por ter compartilhado o documentário comigo.
Ao Brenno por ter feito com profissionalismo e beleza toda a entrevista, nossa sua história me deixou sem fôlego. Digno de um longa-metragem, no mais é isso, espero que assistam e como diz no documentário “Você está pronto?”