Andava sem um tema para falar. Tá acontecendo um monte de coisas legais. A vida tá ótima mas em alguns períodos me falta mesmo inspiração. E aí uma menina me procurou dia desses perguntando sobre relacionamentos virtuais ou à distância, como eu prefiro chamar. Há tempos queria me aprofundar nesse tema. Há tanto para falar.
Um monte gente torce o nariz quando fala em virtual, né? Mas dá sim pra construir uma relação prazerosa para os dois. Já tive experiências boas e más ( sim , é como qualquer outra relação humana). Mas as boas foram muito boas mesmo. Me envolvi, me apaixonei. Bem, já sabem né? Eu amo me apaixonar. Se me apaixono vale pra vida.
Mas vamos às regrinhas que fui construindo a partir dessas experiências. Que acho que servem também para o real. Sem problema. Por isso que falaremos em relacionamento à distância.
Nem preciso dizer que exige um grau alto de cumplicidade, maturidade, franqueza. Se o cara começar mentindo, já era!!
Eu gosto de comparar essa experiência com uma tela. Um artista precisa conhecer os limites da tela. Eu acho que qualquer pintor a primeira coisa que precisa saber mesmo que mentalmente é que espaço sua arte vai ocupar. Na mente ou na parede, tanto faz. Mas ele precisa saber.
Mesmo coisa a Dominadora.
É casado? Tem treta? Ficante? Ex?
Não adianta mentir sobre isso. Porque a Dominadora vai exigir coisas que você não poderá fazer. E não poderá negociar porque mentiu.
Aí não, né? É eu fingir que mando , e você fingir que obedece.
Eu quero mandar de verdade.
E quero ser obedecida.
Somos um pouco como o Reizinho do Pequeno Príncipe. Como ele, acreditamos de forma quase infantil que somos de fato Rainhas e escravos em algum planeta perdido. E como ele aprendemos o óbvio sobre governar: “É preciso exigir de cada um o que cada um pode dar, replicou o rei. A autoridade repousa sobre a razão. Se ordenares a teu povo que ele se lance ao mar, farão todos revolução. Eu tenho o direito de exigir obediência porque minhas ordens são razoáveis.” Leia aqui a conversa do Pequeno Príncipe com o Rei.
Para ser obedecida, então, preciso ser razoável. E só posso ser razoável se todos as regras estão postas.
É burro mentir, entendeu?
Se o começo da relação for pautada na verdade a continuidade é fácil e vai ficando cada vez mais gostoso.
Agora já a relação pode ficar cada vez mais gostosa.
Eu acho importante ter pelo menos uma sessão por semana. Assim, conversando no whatsapp, ou no Face, ou conversas mais íntimas que vocês já curtem. Aquele tempo o submisso deve guardar totalmente. Sem falhas. Sem atrasos.
Deixe-o muito à vontade para pensar nas datas em que estará totalmente disponível. Veja também com seus horários. Ele não poderá jamais cobrar de você a mesma disponibilidade. Esse encontro é importante mas depende da sua vontade. Se entender que ele deve ficar apenas disponível quieto sem que você o chame, será assim.
Ele é que precisa estar disponível.
Pode ser uma única sessão de 3 hs ou duas de uma hora e meia cada.
Porém o relacionamento não estará restrito a esse encontro. Quando peço a descrição da rotina do escravo eu vejo ali em que momentos poderei estar com ele.
Primeiro eu gosto de controle. Quero sempre saber onde eles estão e o que estão fazendo. Ter a rotina deles em mãos já me dá um prazerzinho.
Mas de que formas posso entrar nessa rotina?
_ Na hora do almoço posso exigir que me ligue pedindo permissão para almoçar.
_ Posso controlar urina. Tem que pedir permissão também.
_ Posso controlar suas saídas. Happy Hour cozamigo? Vou pensar! (Na verdade é possível que eu sempre permita mas o bacana é ele saber que tem que pedir permissão. E saber que eu posso dizer NÃO!)
_ Posso permitir que vá ao happy hour ou ao futebol mas impor condições como controlar a urina, por exemplo.
_ Posso obrigar que vá ao banheiro da sua empresa bater uma punheta sem gozar. De hora em hora.
_ Posso obrigá-lo a passar o dia sem comer.
_ Algumas Dommes, já ouvi falar, obrigam a uma sessão de idolatria. Com altar e tal. Eu não curto mas é uma ideia.
_ Obrigá-lo a baixar a cueca por baixo da calça e ficar andando assim.
– Obrigá-lo a tirar a cueca andar só com a calça
_ Obrigá-lo a usar um laço em volta do pênis durante todo o dia.
_ Forçar a ver sites e programas de culinária, proibindo de ver filmes ou sites com qualquer apelo sensual.
_ Uma vez obriguei um menino a ficar dias e dias sem tomar banho.
_ Decidir sobre o perfume, a roupa…
– Um outro fiz cortar o cabelo do qual muito se orgulhava. Ficou careca.
Todas essas combinações são feitas naquele encontro semanal. Preciso sondar se ele pode ficar sem comer. Não preciso dizer exatamente quando isso vai acontecer. Mas preciso perguntar algumas coisas. Durante a semana as ordens são faladas sem muitos detalhes porque já mais ou menos se sabe o que esperar.
Essas coisas são facilmente confirmadas por imagens, ligações, o comportamento dele. Com o tempo você vai entendendo como ele funciona.
Nos encontros você pode permitir que ele goze. Se merece alguma recompensa, se não merece.
Eu coloco uma vez por semana porque não quero toda hora ter que explicar tudo. Não quero ninguém colado. Toma cuidado pra não ser sugada pelo submisso. Deixe claro os SEUS LIMITES. Pra mim é dar ordens e ser obedecida.
Pode ficar bem forte e bem louco o jogo e sem prejudicar a vida pessoal de ninguém.
Agora também não vale prejudicar uma companheira, uma esposa. Dá pra brincar? Dá.
Mas sem causar dor a ninguém.
Certa vez, um cara passou tempo me pedindo para fazer com ele um treinamento virtual para castidade. Que pagava. Que precisava muito. Que sonhava com isso, bla bla bla bla.
Um dia de tanto ele me amolar resolvi conversar.
O mesmo sermão sobre a franqueza, maturidade, comprometimento…
E vamos…
“Ok. Muito bem! Você é casado?”
Ele rodeou… Disse que sim mas que ela não tinha nada a ver…
Então pergunto: “mas se eu quiser que fique casto por dias, como será com ela? E se ela quiser? ” Ele responde bem rápido: “Ah, eu invento uma desculpa e não faço.”
Você tá vendo aí. O cara não é bom companheiro nem para sua esposa. Pense na falta de respeito. Ora, como assim “dá uma desculpa?”. Como ela vai se sentir? Como ele se sentiria? Vai pensar que alguma coisa está errada, que ele não gosta mais dela.
Não era uma vez aqui outra acolá, o sujeito queria um treinamento para a castidade. E implica muitas coisas. É uma mudança estrutural na vida de uma pessoal.
São novos hábitos. Muito tempo sem ejacular, e só se masturbar comigo, quando eu permitir. Ora, fazemos sim. Eu adoro. Para mim, a humanidade melhora cada vez que um cara se submete a um treinamento de castidade. Mas um cara desses?!…
Olha, eu atendo alguns escravos casados ou recém-descasados, enrolados, machucados… De boa. Desde que nossas sessões não machuquem terceiros de forma alguma. Se vire! Porque a pessoa não consentiu participar daquilo.
Veja teus horários, veja como pode se estruturar sem ferir ninguém. Se organize porque eu também não aceito ser ferida.
Tem milhões de maneira de viver BDSM, castidade é apenas uma delas. Prometa só o que pode cumprir.
E pronto.
Se os dois se levarem a sério, comprometidos de verdade, fica uma relação deliciosa.
Mas é frágil. Muito frágil mesmo.
Basta uma mentira e foi-se!!
Porque numa mentira eu já vou imaginar que sempre foi tudo mentira.
Eu funciono assim.
Outras podem ser mais tolerantes , mesmo assim, mentira é sempre brochante.