“Poderia me dizer, por favor, que caminho devo tomar para sair daqui?”
“Isso depende bastante de onde você quer chegar”, disse o Gato.
“O lugar não importa muito…”, disse Alice
“Então não importa o caminho que você vai tomar”, disse o Gato.

Sempre comento aqui que o que mais me encantou no Roger foi sua determinação em servir. Deus sabe que eu fiz tudo para afastá-lo. Fui bem truculenta algumas vezes, mais do que seria com qualquer outro escravo. Mas não tinha jeito. Uma semana depois lá estava ele. Um caozinho esperando a dona.

E eu piorava tudo e pensava que era a última vez. Mas nada… Lá vinha ele de novo. Todo tímido sentar no balcão da loja.

I de Identidade.

Roger até hoje é determinado a me seguir. Não importa o que aconteça: Roger é definitivo em minha vida.

Porque estar a meus pés é uma questão de identidade para o Roger.
É assim que ele se vê. É nessa posição que ele quer estar.
Da mesma forma que eu me acho digna de tê-lo a meus pés.
Também é dessa forma que eu me identifico dentro do universo BDSM.
Estamos muito confortáveis com nossas escolhas. Porque é parte de nós.

É sobre isso.

Em BDSM é sexual e sexualmente somos o que somos.

Sexualmente somos meio bichos, puro instinto.
Ai é bom lembrar: BDSM é sexual e é para adultos.
Você precisa conhecer e dominar sua natureza.

Há um grito de violência latente em mim.
Por isso escolhi ser dominadora e atuar algumas vezes com especial sadismo.
Reconheço essa violência em mim e sei que não posso jogá-la por aí aos 4 ventos.
Tenho mãe velhinha. Muito velhinha mesmo.
Todo dia é um baita exercício de paciência e amor.
Temporal de beijos.

E o Roger e a mãe do Roger. Esse nosso lado família.
Roger é tão doce. A mãe dele é tão bacana com a gente.
Meu filho tem quase a idade do Roger e eu penso que não gostaria de ver uma mulher sendo grossa com ele. Não mesmo. Me coloco muito no lugar dela.
São momentos tranquilos cheios de paz e afeto.
Um casal lindo.
Pessoas que se respeitam.

E tem a loja… O meu atendimento super carinhoso sempre.

Acho que sou carinhosa mesmo na maior parte do tempo.
Mas foi reconhecer que tenho esse lado violento me fez entender que era preciso controlar.
Usar na hora certa. Tudo certo. Tudo conversado, tudo consentido. Aí sim, sem medo de ser feliz!!

Ai é uma força que vem. Como libertar um monstro faminto.
Um explosão mesmo.
Depois limpo toda a bagunça, ajeito as emoções todas de volta pra gaveta.
E sigo acarinhando o mundo…

Mesma coisa acho os submissos. Não são assim o tempo todo.

Quando você reconhece e respeita todas as partes dos seus desejos , tudo fica mais fácil, inclusive encontrar um par.

Eu sei quem eu sou e quero saber quem você é.
Vamos ver agora se “nóis” combina…

Mas se você não sabe quem você é, o que busca…
Ai amor, você tá “alice” na vida, barco à deriva.