Quando eu era criança, ainda se usava aquele  Menthiolate que ardia, dai minha mãe dizia, quando a gente chorava:  “Te aquieta: O que arde, cura! O que aperta, segura!”

Eu havia postado tempos atrás uma chamada nesse sentido na DS, perguntava se somos a doença ou somos a cura…
É um tema delicado. E como sempre venho aqui no meu canto, debater comigo mesma.

Se as pessoas tivessem acessos aos mails que eu recebo entenderiam talvez melhor esse dilema.
No fundo, todos já viveram isso mas talvez, como sempre, sou eu que abro o bocão pra pedir um tempo.

Tem muita gente machucada de verdade entre nós.

É como se buscando uma dor mais forte a gente conseguisse suavizar uma dorzinha, bem menor,  mas muito mais antiga. Porque a dor de um spanking, todo direitinho, com direito a SSC e palavra de segurança, é breve, tem começo, meio e fim. Porque algumas dores, as pessoas carregam como fardo a vida inteira.

É… O que arde, cura!

Então, essas pessoas se aproximam de nós, com essa tal dorzinha e pedem sim um pouco de alívio.
Um tapa, um grito, um gesto, ou um palavrão… Uma carícia naquela dor melancólica da alma.

Eu sempre aconselhei meus escravos a procurarem terapia. Gosto de terapia.
E, caraca, eu não sou psicóloga!
E nem quero estar com pessoas fragilizadas emocionalmente.

Não só por elas, que devem realmente encontrar outra forma de resolver seus conflitos, mas também por mim.
Quando ainda não percebia tudo isso, eu costumava investir nas pessoas.
E quando eu sentia toda essa fragilidade, então eu me dedicava mais ainda..
Pegava pela mão, dava uma força, levava pros psico…
Acompanhava tudo…

Mas depois de algumas vivências descobri que até é bom pro outro, mas pra gente…
Naaa… Leva muito da gente. Não vale a pena, não.

Vai enredando a gente numas histórias complicadas, fortes…

E bem,  a minha história sozinha já é forte que chegue para um ser humano…
E eu sobrevivi a ela.

Mas voltando a doença.. E a cura. O livro “O corpo fala” diz que uma pessoa que fica com os braços cruzados para trás quando está conversando, está com medo de perder o controle…

“… E o que aperta, segura!”

Então, aquela coisa de amarrar… Aquele desejo de ficar horas imóvel, pode ser também um pedido de socorro. Me salva de mim mesma. Não permita que eu faça alguma coisa feia, que eu quebre os pratos, que eu atire uma pedra, que eu salte sobre seu corpo e arranque seu olhos. Por amor… Ata-me!

Mas vagando aqui de um extremo a outro. Pior mesmo é quando eu sou a doença.
Quantas vezes olhei pro roger, tão menino, e tive me medo de mim.
Quantas vezes repeti o velho mantra… Seguro….. São….. Consensual….

Pra não ferir.

Ata-me também, por amor! Eu dizia.

Me protegi nos códigos…
Mas fica o meu masoquismo, aquele que carrega as culpas do mundo.
Sem direito a redenção.

Ih. Que papo, né?

Tenho aqui uma foto linda da minha bota Victoria Secret…

E te caiu super bem essa marca horizontal do meu chicote Medieval.

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“Apesar de tudo

é muilo leve!”